31 de maio de 2018

HYUKOH - GANG GANG SCHIELE [TRADUÇÃO]


GANG GANG SCHIELE - HYUKOH [TRADUÇÃO]

Gang, Gang, Schiele*


Olá, meus queridos velhos amigos
Estou implorando mesmo, desculpa
Pela tristeza deles
Com a minha tristeza

Você viu meus velhos amigos?
Eles me falaram: "Nós vamos para algum lugar"
Nos robes brancos deles**
Sobre a falsa muralha de ferro***

Olá, meus queridos velhos amigos
Existe algum final bom?
Toda estrada leva a um fim
Sim, todos sabemos que isso vai terminar

Através destes anos
Alguns correm para o palácio de ouro
Nos robes brancos deles
O tempo e a maré4, através da muralha

Tão triste, eu não posso dizer que estou triste
Falar é fácil, fumar é amargo5
Desculpa mesmo

O vento flui da esquerda, permanece na direita
Acabo de construir minhas asas
Até mais, estarei lá

Só um dia
Talvez seja um dia difícil
De alguma forma, é um dia
E eu diria "desculpa"

Só um dia
Talvez seja um dia difícil
De alguma forma, é um dia
E eu diria "desculpa"

Meus queridos velhos amigos
Que acreditam que sua oração ajuda o Sol a nascer
Ele abrange de costa a costa
Derrama de Norte a Sul6

Ambos ouvidos estão cobertos
"Oh, agora, você pode se ouvir"7
Você é assim, e eu também
Continuamos belos através da muralha

Tão triste, eu não posso dizer que estou triste
Falar é fácil, fumar é amargo
Desculpa mesmo

O vento flui da esquerda, permanece na direita
Acabo de construir minhas asas
Até mais, estarei lá

Só um dia
Talvez seja um dia difícil
De alguma forma, é um dia
E eu diria "desculpa"

Só um dia
Talvez seja um dia difícil
De alguma forma, é um dia
E eu diria "desculpa"




*Egon Schiele foi um pintor austríaco ligado ao movimento expressionista (cr: wikipedia); O movimento expressionista compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjetiva a natureza e o ser humano. Predomina, então, a visão interior do artista, opondo-se à mera observação da realidade (cr: wikipedia);
**"Robes brancos" representam a pureza do Paraíso. Acredita-se que os anjos, santos, entre outras divindades vistam robes brancos;
***Conectando ao verso anterior, a "Iron Wall" (Muralha de Ferro) provavelmente se refere a um ensaio escrito pelo russo judeu Ze'ev Jabotinsky, pertencente à facção sionista revisionista. O sionismo defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado judaico independente e soberano no território onde existiu o antigo Reino de Israel (cr: wikipedia); enquanto o sionismo revisionista, desenvolvido por Jabotinsky, defendia uma revisão do sionismo, a criação de um Estado judeu nos dois lados do Rio Jordão (Cisjordânia e Jordânia). Embora dentro do sionismo revisionista houvesse subdivisões, Jabotinsky defendia a obtenção do apoio da Grã-Bretanha e a criação de uma democracia no estilo britânico. No entanto, Jabotinsky nunca se posicionou claramente sobre a expulsão / transferência, ou não, do povo árabe que vivia no local (cr: wikipedia).
No ensaio escrito por Jabotinsky, "Iron Wall", de 1923, o autor defendia que os árabes palestinos não aceitariam uma maioria judia na Palestina, e que a colonização sionista deveria parar, ou simplesmente não levar em conta a população local / nativa. Ele escreve, ainda, que a colonização sionista só poderia continuar com a proteção de um poder maior e independente da população nativa, sendo esse poder uma "muralha de ferro" que a população não poderia derrubar (cr: wikipedia).
Na música, então, o eu lírico propõe que as pessoas que se defendem com a muralha de ferro, estão, na verdade, tentando suprimir suas próprias tristezas com a tristeza de outras pessoas (outro povo). Tudo isso para poderem vestir os robes brancos, ou seja, irem para o Paraíso;
#4 Referência a um ditado: "O tempo e a maré não esperam por ninguém". Ou seja, o tempo não para. Todos estamos sujeitos a chegar no fim do caminho da vida;
#5 "Não posso dizer que estou triste", "Falar é fácil". O eu lírico não acha que tem direito de ficar triste pela situação do povo palestino, pois só falar e não agir não ajuda em nada. "Fumar é amargo", ele acha que suas dificuldades diárias não são tão "amargas" quanto às que aquele povo sofre;
#6 "Quem acredita na sua oração, ajuda o Sol a nascer; Ele abrange de costa a costa, derrama de Norte a Sul". Ou seja, o Sol nasce para todos e existe para todos, independente de raça, crença, ou outras diferenças;
#7 "Ambos ouvidos estão cobertos; "Oh, agora, você pode se ouvir"". Nós cobrimos nossos ouvidos para o mundo, porque achamos que só nossa opinião está certa. No fim, acabamos ficando presos naquela pequena ilusão.


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